Pantaneiro, boiada,tereré e as traia!!!!!

                                                             Foto: Horizonte Geográfico / Edição124

Comitiva Esperança - Almir Sater

"Nossa viagem não é ligeira, ninguém tem pressa de chegar

A nossa estrada, é boiadeira, não interessa onde vai dar
Onde a Comitiva Esperança, chega já começa a festança

Através do Rio Negro, Nhecolândia e Paiaguás

Vai descendo o Piqueri, o São Lourenço e o Paraguai

Tá de passagem, abre a porteira, conforme for pra pernoitar

Se a gente é boa, hospitaleira, a Comitiva vai tocar

Moda ligeira, que é uma doideira, assanha o povo e faz dançar

Oh moda lenta que faz sonhar

Onde a Comitiva Esperança chega já começa a festança

Através do Rio Negro, Nhecolândia e Paiaguás

Vai descendo o Piqueri, o São Lourênço e o Paraguai

Ê, tempo bom que tava por lá,

Nem vontade de regressar

Só vortemo eu vô confessar

É que as águas chegaram em Janeiro, deslocamos um barco ligeiro

Fomos pra Corumbá"

Uma das figuras mais cativantes e genuínas que conhecemos durante essa viagem foi o Pantaneiro. Um homem de sabedoria popular, bem humorado, cheio de histórias , experiências e marcas de quem leva uma vida difícil como se fosse uma grande aventura.

Com grande disposição e alegria dedicou seu tempo para nos contar detalhes da vida de um pantaneiro de comitivas.

                                                                                        Foto: Blog O Pantaneiro

Habitualmente vestem calça jeans, guarda (calça de couro), cinto e botas de couro; guaica (onde guardam arma de fogo e balas, alguns ainda possuem autorização para carregar armas); faixa paraguaia (feita de tear) e o machete (faca e chaira para amolar); camisa; chapéu de carandá ou feltro.

Carregam consigo a sua traia, equipamentos para montaria, que difere um pouco para cada ofício do pantaneiro dentro da comitiva. Esses ofícios podem ser o de Condutor que é o chefe da comitiva,responsável pelo gado e quem contrata os outros boiadeiros; os Meeiros ou Culatreiros e os Fiadores  são responsáveis por não deixar o gado abrir ou escapar pro mato;o Ponteiro vai na frente tocando o berrante e o Cozinheiro, que conduz a tropa de cargueiros (que levam os dobros e bruacas com mantimentos) e viaja a frente da boiada, devendo chegar ao ponto de parada com a refeição pronta para os boiadeiros.

                                                                                                                      Foto: Bolg Sistema Pantaneiro

Esses homens viajam longas distâncias montados em burros ou cavalos, às vezes durantes meses, tocando a boiada dos pecuaristas para  executar o manejo entre fazendas durante as fases de cria, recria ou engorda do gado, ou por motivos de compra/venda entre fazendas ou frigoríficos.

Essa técnica de manejo de gado deixou de existir em algumas regiões, mas persiste no Pantanal devido ao alagamento de sua planície e em muitas ocasiões é a única alternativa de transporte.

                                                                                                      Foto: Daniel Marinho

O que não pode faltar para um pantaneiro é o Tereré...que refresca no Sol escaldante e dá energia para a lida, além de matar a sede. O tereré funciona também como filtro de água natural para os pantaneiros.

Esta bebida típica da região é feita numa guampa (chifre de boi),onde  coloca-se a bomba, um punhado de erva mate e água fresca ou gelada.

Assim como para outros tantos costumes do povo pantaneiro o consumo do tereré envolve algumas "regras" a serem respeitadas,como por exemplo ao participar de uma roda de Tereré você deve preparar a bebida para a próxima pessoa que irá beber.

O tereré é mais uma das tradições dessa fascinante terra que é o Pantanal.