Seja Bem-vindo!!!!

Obrigado por visitar nosso blog, ele foi feito com muito carinho e  trata do nosso olhar sobre a viagem mais linda do planeta. Dividimos com vocês nossas emoções, memórias, impressões, conhecimentos adquiridos e claro as fotos!!!!

Ao criar esse blog revivemos cada momento e o coração se inundou de emoção...apertou de saudade.

E se  nos perguntarem o que mudou depois dessa viagem,a reposta é muito simples: TUDO.A forma de ver a Biologia, o entendimento do que é ser Biológo e principalmente CADA UM DE NÓS mudou e de um jeito irreversível, porque depois que você se abre para uma experiência tão intensa não tem mais como voltar atrás.

Então entrem e fiquem à vontade!

Obs: Quase todas as fotos foram tiradas pela Cassy ou pelo Cauê, membros do grupo e as demais estão creditadas aos seus autores.

  

O campo dos sonhos!!!!

                                                                        foto: Marcos Vergueiro

Nossa viagem teve como destino a maior planície alagável do mundo, o Pantanal. Esse bioma ocupa uma área de 210.000Km2, abrangendo os estados brasileiros do Mato-Grosso (região sul) e Mato-Grosso do Sul (noroeste), e os territórios do Paraguai (norte) e Bolívia (leste).

É considerado um dos biomas mais ricos do Brasil, sendo portanto o campo dos sonhos para futuros biólogos.

A riqueza do Pantanal não refere-se apenas à diversidade da fauna ou da flora, mas também à paisagens que enchem os olhos e à cultura tão visceral no povo pantaneiro, que encanta pela opulência e ao  mesmo tempo pela simplicidade.

João - pinto: O Grupo!!!

E esse é o Icterus, um grupo diverso e divertido. Mais do que um grupo, formamos uma bela equipe. Cada um com sua personalidade, energia e talentos contribuiu para o andamento do campo. Nas nossas reflexões pós-campo conseguimos enxergar os aspectos positvos e negativos das atividades de campo, porque não vale mentir, nem tudo são flores quando se fala em convivência. Mas os momentos de desafios nos fizeram crescer como indivíduos desenvolvendo qualidades como paciência, cooperação, compreensão e respeito, com isso agregamos aos nossos valores a importância e o papel de um trabalho coletivo.

Foram dias de muita conversa, cantorias, risadas, bobagens, cumplicidade , companheirismo, trabalho, superação e muuuuuito aprendizado.

Icterus ficará pra sempre em nossos corações, pois  partilhamos como grupo uma das experiências mais emocionantes e enriquecedoras da graduação. 

Membros: Dayanne Bento, Guilherme Scharf, Cauê Trovatto, Cassy Anne Rodrigues e Jonathan Galdi Rosa.

E começa a andança: 1° DIA DE CAMPO

20/10/2013 - Nosso primeiro dia de transecto a pé, começou na Estrada Parque Piraputanga. Foi um dia surpreendente e muito gratificante, porém um dos mais difíceis. A paisagem talvez seja a mais linda de todo o Pantanal, para onde olhávamos vislumbrávamos a sempre exuberante Serra de Maracaju. Foi um ótimo dia também para avistamento de aves, encontramos com muitas delas pelo caminho, no entanto a falta de familiarização com as espécies e também com os métodos dificultou  um pouco a identificação. Ainda sim foi excitante poder observar tão de perto aves nunca antes vistas como a Dendrocygna viduata (Irerê), a Phimosus infuscatus (Cara pelada) e a Thraupis sayaca (Sanhaço cinzento).

As surpresas pelo caminho ficaram por conta dos moradores locais que esbanjaram gentileza e hospitalidade, sempre preocupados em oferecer acolhimento fosse na forma de água, carona, refeições, CERVEJA e até convites para visitarmos suas casas...sem dúvida são exemplos de conduta para com o próximo.

Em uma das  curvas da estrada tivemos mais uma grata surpresa: um Oásis de água fresca e cerveja estupidamente gelada, o melhor ponto fixo do mundo, ou como diria um dos monitores a melhor "parada para abastecimento". 

Aaaaahhhh foi uma linda forma de iniciar o campo mais esperado da faculdade.

A Bela Serra de Maracaju!!!

A beleza dessa serra é tamanha que uma linda música do cantor,violeiro e compositor Almir Sater leva seu nome:

                                  

"  Bela Serra de Maracaju

Seus mistérios quero traduzir

Descobrir as lendas e memórias

De cada légua que te percorri

Eu cheguei aqui com os meus próprios pés

E hoje tenho minha raiz"

A Serra de Maracaju divide o estado do Mato Grosso do Sul em dois, ao leste ficam para trás os campos de cerrado enquanto se inicia, ao oeste  o Pantanal sul-mato-grossense. As altitudes máximas da serra ficam em torno de 750m, nas proximidades do município de Aquidauana. 

A composição rochosa basicamente é formada por basaltos cretáceos da formação serra geral (antigos derrames vulcânicos). 

A serra pode ser identificada como o divisor de águas entre as bacias dos Rios Paraná e Paraguai, passando sempre pelas cotas mais altas do derrame basáltico.

Quem não iria querer ter uma casinha aos pés da BELA SERRA DE MARACAJU!!!!!

Rumo ao Maciço do Urucum!!!

Foto tirada  no segundo dia de campo, durante o transecto motorizado.Percorremos paisagens deslumbrantes e bastante diversas. Vimos pela primeira vez áreas de alagados, o Paratudal  (ipês amarelos), o Carandazal (palmeiras do tipo Carandá), e passamos por alguns rios.

Cruzamos inclusive o Rio Paraguai,cujo trajeto no centro do Pantanal é extremamente sinuoso e suas águas muita lênticas.

O Rio Paraguai tem sua nascente em território brasileiro, nas Chapadas dos Parecis, estado do Mato Grosso, nesse trecho recebe o nome de Paraguaizinho. Mais ao sul demarca a fronteira do Brasil com a Bolívia. 

Seu nome de origem guarani significa "grande rio", e trata-se mesmo de um grande rio em extensão e beleza que marca a paisagem dessa região do Pantanal sul-mato-grossense. 

2º dia de Campo - Trecho Ladário/ Porto da Manga

21/10/2013 - No segundo dia de campo pudemos visualizar mair quantidade de gaviões que nos outros dias. Dentre as espécies, vimos: Rupornis magnirostris (gavião carijó), Busarellus nigricollis (gavião belo), Buteogallus meridionalis (gavião caboclo), Urubutinga urubutinga (gavião preto) e Rostrhamus sociabilis (gavião caramujeiro).

Espécie de abelha polinizando uma flor. 

Espessura de possível formigueiro no tronco lenhoso de uma árvore.

Além dos gaviões pudemos observar e identificar espécies de Furnarius rufus (João de barro), Piaya cayana (alma de gato), Caracara plancus (Carcará) , Jacana jacana (Jaçanã), Mycteria americana (Cabeça seca), Anhinga anhinga (Biguatinga) e Phalacrocorax brasilianus (Biguá).

Jacana jacana (jaçana).

Sobre o tronco encontra-se a espécie Anhinga anhinga, conhecido popularmente como Biguatinga.

Espécie vegeteal Mimosa pudica, conhecida popularmente como dorme - dorme.

3º Dia de Campo: Toca da Onça

22/10/2013 - Começamos esse dia de caminhada com o céu  nublado,depois de 2 dias de muuuuiiiito Sol uma chuvinha era bem- vinda,ainda que passageira. 

O dia todo foi agradável,além do clima mais ameno estávamos todos muito bem-humorados, o ritmo da caminhada permitiu que observássemos com detalhes a fauna e a flora, a estrada era tranquila com uma bela paisagem.

Dentre as espécies avistadas nesse trecho estão a Vanellus chilenses (quero-quero), Jacana jacana (jaçanã ou cafezinho), Aramus guarauna (Carão), Egretta thula (Garça branca pequena), Aratinga nenday(periquito da cabeça preta), Guira guira(anu branco), Ortalis canicollis(Aracuã do Pantanal), Rhea americana(Ema), Colonia colonus (Viuvinha), Dendrocygna viduata(Irerê), Cariama crsitata (Siriema), Cathartes burrovianus(Urubu de cabeça amarela), Amazona aestiva(Papagaio verdadeiro), etc...

Alguns avistamentos foram especiais como nosso primeiro Tamanduá - bandeira.Caminhávamos pela estrada quando o Macaco,nosso monitor nesse dia, nos alertou da presença de um indivíduo em meio ao campo andando majestosamente, ficamos extasiados, finalmente vimos o tão esperado Mymecophaga thrydactala. Outra novidade foi o  Theristicus caerulenses (Maçarico- real), e vimos muitos dele ao longo do dia. Vimos também e seria a única vez durante toda a viagem, o Platalea ajaja (Colhereiro), uma ave de enorme beleza.    

Foi um dia de muitas risadas, boas conversas, belos avistamentos,lindas flores e conhecimento. 

Pegada de  Cerdocyon thous (Lobinho)

Belíssima foto da  flor de maracujá-do-mato (Passiflora cincinnata) .

Indivíduo da Ordem Coleoptera.

Detalhe da flor

Vespeiro

Dois indivíduos da espécies Theristicus caudatus (Curicaca)

Paisagem ao longo da estrada.

Bromeliaceae

Último ponto fixo e a galera esbanjando disposição!!!! hahahaha 

4º Dia do Campo: Transpantaneirinha do Rio Negro

23/10/2013 - Esse transecto a pé começou muito bem, logo no início da caminhada encontramos com dois tamanduás-bandeira. Um deles cruzava a estrada e ao corremos numa trilha paralela a estrada para tentar observá-lo melhor vimos o outro indivíduo no meio do campo, este era menor e parecia ser jovem pelo seu porte.Ficamos muito animados para continuar o dia.

Estávamos acompanhados pelo querido Carlinhos, que com suas palhaçadas e ótimo humor nos divertiu e ajudou a distrair do cansaço que já era bem grande nessa altura da viagem. Além disso, nosso novo amigo se mostrou sempre prestativo e preocupado com todos, e aprendemos muito com suas habilidades de veterinário, como por exemplo fazer um estilingue..hahaha. 

O Sol estava novamente muito forte,por isso sombra e água fresca (ou melhor ainda, gelada) eram muito valorizadas. 

Vimos alguns rios e muitas poças pelo caminho, e eram nessas áreas que avistávamos mais animais. 

Os animais que conseguimos identificar foram Ramphastos toco (Tucano), Theristicus caudatus(Curicaca), Caryman cristata(Siriema), Theristicus caerulenses(Maçarico real), Cathartes aura (Urubu da cabeça vermelha), Aratinga aurea (Periquito rei), Chysoptius melanchlorus (pica-pau), Icterus croconotus (João-Pinto), Phimosus infuscatus (Cara pelada),Guira guira(anu branco), Furnarius rufus (João de barro), Rhea americana(Ema), Butorides striatus(socozinho) entre outros.

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Macaquice!!!

Pausa para um descanso!!!

Pegada de Spheotos venaticus(Cachorro-vinagre).

5º dia de campo - Trecho Passo do Lontra / Abobral

24/10/2013 - 5º dia de campo: um dia de grande aprendizado. No transecto a pé foi possível ver e indentificar as seguintes espécies: Ortalis canicollis (aracuã do pantanal) , Procacicus solitarius (iraúna de bico bramco), Galbula ruficauda (ariramba de cauda ruiva) , Ameiva ameiva, Ramphocelus carbo (pipira vermelha) , Rosthramus sociabilis (gavião caramujeiro), Bubus virginianus (jacurutu), Thamnophilus doliatus (choca barrada), Chloroceryle amazona (martin pescador verde), Myiopsitta monachus (caturrita) , Nasua nasua, Butorides striata (socozinho), Megarecyle torquata (martin pescador grande), Himantopus melanurus (pernilongo de costas brancas) Tigrisoma lineatum (socó boi) e Javaporco.

Pegada de Panthera onca (onça pintada) encontrada durante o transecto a pé.

Pegada  de Panthera onca, onça pintada.

Vocalização de Panthera onca. Alguns trechos do transecto a pé foi possível escutá-la.

Visão do córrego sobre a ponte

Fazendo novos amigos no ponto fixo.

E mais um amigo para alegria do grupo Icterus.

6º dia de campo - Chalana Couricho São Domingos.

25/10/3013 - Último de campo: Atividade de campo na Chalana. Neste dia vimos e identificamos tais espécies: Ardea cocoi (garça moura), Rupornis magnirostris (gavião carijó), Mycteria americana (cabeça seca), Phalacrocorax brasilianus (biguá), Paroaria coronata (cardeal) Paroaria capitata (cavalaria), Tigrisoma liniatum (socó boi), Cacicus haemorrhous (guaxe), Aramides cajaena (saracura três potes), Anhinga anhinga (biguatinga), Caracara plancus (Carcará), Megarecyle torquata (martin pescador grande), Urubutinga urubutinga (gavião preto)

"Lá vai uma chalana

Bem longe se vai

Navegando no remanso

Do rio Paraguai..."

Almir Sater

Chegada na Chalana.

Vista da parte superior da Chalana.

Ardea cocoi 

Capivara,na beira do rio.

Bifurcação do rio.

Vegetação aquática.

Futuros pantaneiros!

Pantaneiro, boiada,tereré e as traia!!!!!

                                                             Foto: Horizonte Geográfico / Edição124

Comitiva Esperança - Almir Sater

"Nossa viagem não é ligeira, ninguém tem pressa de chegar

A nossa estrada, é boiadeira, não interessa onde vai dar
Onde a Comitiva Esperança, chega já começa a festança

Através do Rio Negro, Nhecolândia e Paiaguás

Vai descendo o Piqueri, o São Lourenço e o Paraguai

Tá de passagem, abre a porteira, conforme for pra pernoitar

Se a gente é boa, hospitaleira, a Comitiva vai tocar

Moda ligeira, que é uma doideira, assanha o povo e faz dançar

Oh moda lenta que faz sonhar

Onde a Comitiva Esperança chega já começa a festança

Através do Rio Negro, Nhecolândia e Paiaguás

Vai descendo o Piqueri, o São Lourênço e o Paraguai

Ê, tempo bom que tava por lá,

Nem vontade de regressar

Só vortemo eu vô confessar

É que as águas chegaram em Janeiro, deslocamos um barco ligeiro

Fomos pra Corumbá"

Uma das figuras mais cativantes e genuínas que conhecemos durante essa viagem foi o Pantaneiro. Um homem de sabedoria popular, bem humorado, cheio de histórias , experiências e marcas de quem leva uma vida difícil como se fosse uma grande aventura.

Com grande disposição e alegria dedicou seu tempo para nos contar detalhes da vida de um pantaneiro de comitivas.

                                                                                        Foto: Blog O Pantaneiro

Habitualmente vestem calça jeans, guarda (calça de couro), cinto e botas de couro; guaica (onde guardam arma de fogo e balas, alguns ainda possuem autorização para carregar armas); faixa paraguaia (feita de tear) e o machete (faca e chaira para amolar); camisa; chapéu de carandá ou feltro.

Carregam consigo a sua traia, equipamentos para montaria, que difere um pouco para cada ofício do pantaneiro dentro da comitiva. Esses ofícios podem ser o de Condutor que é o chefe da comitiva,responsável pelo gado e quem contrata os outros boiadeiros; os Meeiros ou Culatreiros e os Fiadores  são responsáveis por não deixar o gado abrir ou escapar pro mato;o Ponteiro vai na frente tocando o berrante e o Cozinheiro, que conduz a tropa de cargueiros (que levam os dobros e bruacas com mantimentos) e viaja a frente da boiada, devendo chegar ao ponto de parada com a refeição pronta para os boiadeiros.

                                                                                                                      Foto: Bolg Sistema Pantaneiro

Esses homens viajam longas distâncias montados em burros ou cavalos, às vezes durantes meses, tocando a boiada dos pecuaristas para  executar o manejo entre fazendas durante as fases de cria, recria ou engorda do gado, ou por motivos de compra/venda entre fazendas ou frigoríficos.

Essa técnica de manejo de gado deixou de existir em algumas regiões, mas persiste no Pantanal devido ao alagamento de sua planície e em muitas ocasiões é a única alternativa de transporte.

                                                                                                      Foto: Daniel Marinho

O que não pode faltar para um pantaneiro é o Tereré...que refresca no Sol escaldante e dá energia para a lida, além de matar a sede. O tereré funciona também como filtro de água natural para os pantaneiros.

Esta bebida típica da região é feita numa guampa (chifre de boi),onde  coloca-se a bomba, um punhado de erva mate e água fresca ou gelada.

Assim como para outros tantos costumes do povo pantaneiro o consumo do tereré envolve algumas "regras" a serem respeitadas,como por exemplo ao participar de uma roda de Tereré você deve preparar a bebida para a próxima pessoa que irá beber.

O tereré é mais uma das tradições dessa fascinante terra que é o Pantanal.

Momentos de diversão e despedida!!!!

Essa foi nossa morada pelos 7 dias que passamos no Pantanal. Só temos à agradecer a Pousada Pioneiro pelo profissionalismo, hospitalidade, cuidado aos detalhes, simpatia e claro pelo maravilhoso Lual Pantaneiro da última noite.

E pra quem pensa que piscina é lugar de relaxar, a foto acima retrata um momento de extrema dedicação aos estudos: a representação mímica de uma das espécies encontradas no Pantanal, Phalacrocorax brasilianus, o Biguá!! 

E essa é a representação da espécie Jacana jacana, o Cafezinho!!!! Com certeza não nos esqueceremos jamais dessas duas espécies.

Essa  foto foi tirada durante o lual!!Dois membros da tribo indígena Terenas nos visitaram e compartilharam de seus costumes e tradições. Foi um espaço de enriquecimento histórico,cultural e social.

Foi também durante o lual que conhecemos o Pantaneiro mencionado anteriormente em outro post. Grande Pantaneiro, figura inesquecível!!!! 

E como era um Lual Pantaneiro não poderia faltar um violeiro animando a nossa noite com belíssimas músicas que falam sobre a terra mágica que é o Pantanal. Até os mais tímidos bailaram aos pares noite à dentro.Tudo estava delicioso, inclusive a refeição com pratos típicos da região. 

Fechamos nossa viagem de forma leve,descontraída e com o coração cheio de emoções. Emoções provocadas pela natureza majestosa, pela gente acolhedora,pelos amigos com quem dividimos cada momento,pelas pessoas que conhecemos e enchem nossa vida de conhecimento e reflexões e pela beleza da vida com simplicidade.Gratidão...muita gratidão pela oportunidade.